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CHICO REI O ESCRAVO ANGOLANO
CHICO REI O ESCRAVO ANGOLANO


 

CHICO REI - Rei africano

 

 

 

 

 

            Chico Rei nasceu em Galanga, no Congo, como um monarca guerreiro e sumo-sacerdote do Deus pagão Zambi-Apungo. Foi capturado com toda a corte por comerciantes portugueses de escravos e vendido com o filho Muzinga no Rio de Janeiro, de onde foi levado assim como tantos outros escravos africanos em 1740 para trabalhar na mineração de ouro. Sua esposa, a rainha Djalô, e a filha, a princesa Itulo, foram jogadas no oceano pelos marujos do navio negreiro Madalena para aplacar a ira dos Deuses da Tempestade, que quase o afundou.


Depois de servir cinco anos como escravo do major Augusto de Andrade Góis, Chico Rei comprou, por meio do padre Figueiredo, sua carta de alforria, libertou o filho, conseguiu comprar uma mina de ouro supostamente esgotada e, com o trabalho na mineração, alforriou outros 400 cativos, entre os quais os integrantes da sua corte africana.

Sua devoção à Santa Efigênia cresceu com  robusta. Foi então que Chico sentiu a necessidade de erguer uma igreja para a santa, cuja capela se fincou com modéstia no Alto da Cruz. Uma igreja no alto do morro para ser vista por todos. Ali, Chico Rei foi crismado por Dom Manoel da Cruz e casou-se, pela segunda vez, com Antônia, filha do Sacristão da Igreja, sendo seu casamento realizado por Dom Manoel Teixeira.

No dia 6 de janeiro de 1747, Vila Rica foi surpreendida com uma festa que desconhecia. Chico Rei e seus patrícios alforriados apareceram na capela de Nossa Senhora do Rosário com uma indumentária surpreendente. Dançaram o Congado, dança criada por Chico que se tornou popular em Vila Rica e em todos os lugares onde se fazia o Congado.

Aproveitando, habitualmente, uma brecha no sistema colonial, Chico, um homem inteligente e enérgico, tornou-se rei novamente no exílio, com direito a cetro de ouro, coroa e palácio real. Com seu carisma e determinação, o rei proletário, que trabalhava como todos nas minas de ouro, se tornou, também, um homem rico e respeitado, que deixou 42 potes com aproximadamente 100 quilos do metal precioso ao morrer, em 1781, aos 72 anos.

Rei de sua tribo, lutou para alforriar seus súditos na América, tornando-se líder em Ouro Preto. Transformou-se numa figura lendária, considerada o símbolo da liberdade no Brasil, principalmente em Minas Gerais. Chico Rei tinha alguns amigos na população servil e muitos admiradores entre os brancos.

Depois da morte do monarca, boa parte da comunidade formada por cativos alforriados abandonou Ouro Preto. Os prováveis motivos foram por esgotamento total da mina de Encardideira, comprada por Chico do major Augusto, e a perda de prestígio e segurança sem a presença do rei-escravo.

Muzinga (filho de Chico) e seus seguidores dirigiram-se, provavelmente em 1785, para Vila do Tijuco (atual Diamantina), terra de Xica da Silva, para trabalhar na extração de diamantes quando, ao passar em Pompéu, cidade das vizinhanças, pararam para se aconselhar com o padre Antonio Moreira, que, ao ver o ouro que traziam, os convenceu a comprar terras de sua propriedade na Pontinha. Muzinga, como o pai, tinha adotado o catolicismo em substituição aos ritos africanos e se tornado devoto de Santa Efigênia, santa negra de origem egípcia, e Nossa Senhora do Rosário, homenageadas em igrejas que Chico Rei ajudou a construir em Ouro Preto.